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quarta-feira, 30 de março de 2016

Cartas a um jovem poeta: Rainer Rilke


Aventurar-me-ei na procura de instigar vocês leitores a experimentarem “Cartas a um jovem poeta”, escritas pelo poeta da língua alemã Rainer Maria Rilke.  Este livro é breve em quantidade de folhas e enorme de significados e poesias.
No começo do século XX, Rilke correspondeu através de cartas com um jovem estudante que estava vivenciando a angústia frente à escolha profissional. O mesmo buscava uma resposta imediata para livrar-se da tensão em lidar com o incerto, com a falta de solução e bambeava sua dúvida entre a carreira militar e a de poeta.
Ao escrever a Rilke que na época já era poeta, o jovem a princípio buscou um respaldo para confirmar a sua escolha. Porém, durante os anos que corresponderam, Rilke foi descontruindo a necessidade de ter apenas uma resposta e aventurou o jovem a permanecer na incerteza e com paciência começar a questionar-se e consequentemente se conhecer.
Diante da dúvida, Rilke não esboça um caminho a seguir, e sim introduz o jovem a pensar mais sobre a escolha singularizando-a, ao banhar-se em sua solidão e no silêncio da madrugada encontrará acolhimento para olhar mais para si. Como escreveu o poeta:
“O senhor olha para fora, e é isso sobretudo que não deveria fazer. Ninguém pode aconselhá-lo, ninguém. Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele de escrever, comprove se ele estende as raízes mais profundas do seu coração... Pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa da madrugada: preciso escrever¿ Desenterre-se de si mesmo uma resposta profunda” (RILKE, pq.25).

Acredito que o livro não é simplesmente destinado a futuros poetas, já que a poesia não está apenas em versos publicados em livros e sim na forma de compreensão da existência humana. Por isso, ao olhar novamente o título da obra, penso que a mesma é para todos nós que vivenciamos a existência humana além do acúmulo de informações e de explicações.
Um jovem poeta é quem está experimentando olhar ao avesso, pela poesia. A palavra poesia vem do grego “poiesis” e significa criação. Para Pompéia; Sapienza ( 2013), poesia é trazer a luz, desocultar, não pela razão e argumentações do cotidiano, mas em tudo o que sentimos sem explicações objetivas. Os autores citam um trecho de Platão abrangendo o significado de poesia.
“ Como saber, “ poesia” é um conceito múltiplo. Em geral se denomina criação ou poesia a tudo aquilo que passa da não-existência à existência. Poesia são as criações que se fazem em todas as artes. Dá-se o nome de poeta ao artífice que realiza essas criações” ( 2013, p. 157).

Precipitadamente partimos do parâmetro do outro para avaliar as nossas próprias escolhas, Rilke parte do inverso, de trazer o questionamento para se autoconhecer, afastando-se pela solidão dos murmúrios coletivos que acabam nos desviando de decisões mais autênticas.
Sensivelmente este poeta alemão me acolheu durante a leitura, principalmente pelo momento em que estava passando quando li. As incertezas após a graduação estavam pairando sobre mim, em relação ao mercado de trabalho, ao que quero realmente fazer e seguir, mas, com paciência estou quebrando alguns paradigmas e abraçando o mistério do incerto, ou seja, deixando florescer.
Fecho esse post, com mais um trecho do livro para que com paciência possamos nos apoderar de nós mesmos.
“Gostaria de lhe pedir da melhor que maneira que posso, meu caro, para ter paciência em relação a tudo o que não está resolvido em seu coração. Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e livros escritos em língua estrangeira.

Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas.” ( RILKE, p.43)
Andressa Giacomini

quinta-feira, 3 de março de 2016

Minhas considerações: A montanha mágica- Thomas Mann


Entre tantas mudanças de blogs, cá estou eu novamente aventurando-me no mundo da blogosfera. Desta vez o foco (até que outra ordem de motivação surja) é alimentar este espaço com meus textos, resenhas de leituras e filmes.
Eu poderia resenhar, criticar em um caderno, em folhas avulsas para treinar a escrita, mas a minha vontade de compartilhar e receber opiniões é maior do que trancafiar minhas ideias só para mim.
O nome do blog continuará o mesmo, “Retalhos da Rotina”, já que ainda expressa o que quero disponibilizar aqui, retalhos dos meus hobbies. Não terão escritos de cunho teórico da psicologia, apenas a minha percepção sobre minhas atividades rotineiras (ler, escrever e assistir...).

A resenha da vez é sobre o livro A Montanha Mágica de Thomas Mann. Fico um pouco acanhada em opinar sobre este clássico, devido à possibilidade de desdobramento que o romance possui e de minha opinião ainda leiga sobre a profundidade da profecia que Thomas nos presenteou.
A obra foi escrita no início do século XX,período anterior à segunda Guerra Mundial. O romance relata a experiência do jovem engenheiro Hans Castorp, que ao visitar seu primo em um sanatório para tuberculosos nos Alpes suínos, acaba por estender sua estadia de algumas semanas para anos.
Dentro desse espaço aonde a atividade intelectual era ativa, Hans depara-se com questionamentos de ordem filosófica tal como o que é o tempo, e acaba por desprender-se das ordens sociais da planície (sociedade europeia) e aventurar-se em construir seus próprios ideais.
Os moradores do sanatório vivenciam a passagem do tempo diferentemente da rotina da sociedade europeia, vinte quatro horas não apresenta o mesmo significado na planície como nas montanhas. Os moradores do sanatório vivenciam a passagem do tempo diferentemente da rotina da sociedade europeia, vinte quatro horas não apresenta o mesmo significado na planície como nas montanhas. Porém, mesmo com a eclosão de história e filosofia, a obra aborda a vivência de seres humanos, como os mesmos estão emaranhados nos movimentos sociais e intelectuais, e como significam essa realidade.
Thomas Mann conseguiu captar neste romance o choque que uma crise de ideias gera na sociedade, a dualidade de pensamentos. A obra pode ser compreendida também na nossa sociedade atual, onde a cada momento uma nova opinião surge e rompe com a anterior.
Para ser sincera demorei um ano para ler o livro, não por ser chato, mas a leitura exigiu de mim momentos de pausa, de distanciamento e retorno. Não foi uma leitura fácil, mas seu afeto estimulou-me a prosseguir.
E na verdade o que é o tempo, como o autor começa, uma pessoa pode ler essa obra em apenas sete dias ou demorar muito tempo, o que importa é o que extrair dela.
Captei alguns pontos da obra e vários outros escaparam da minha percepção, por isso sinto a vontade daqui a alguns anos reler o livro e experimentar o que mudou desde então.
Por fim, dentre tantos grifos que fiz, este capta o quão envolvidos somos no nosso tempo, somos seres históricos e isso que Hans acaba vivenciando dentro do sanatório, antes de adentrar na guerra.


“O homem não vive somente a sua vida individual, consciente ou inconscientemente participa também da vida de sua época e dos seus contemporâneos”. Pg,52

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Minhas considerações sobre A Metamorfose- Franz Kafka

Antes de começar a explanar sobre as minhas considerações de A Metamorfose, vou criar um parênteses para acrescentar que meu blog naturalmente está modificando em apenas ser a externalização das minhas vivências literárias. Mas estou gostando desse novo caminho.
Bom, penso que as obras literárias de Kafka vem embutidas nas percepções sociais como difíceis, complicadas e outros adjetivos que confesso terem contribuindo para a minha pré percepção da obra. Tento me abastar dessas considerações antes de ler, pelo menos um pouco para diminuir a interferência em minhas próprias percepções da leitura, portanto, o que vou acrescentar aqui são apenas meu modo de sentir a obra sem mais nem menos. 
Adentrei na leitura do livro com um pouco de receio e com o passar das frases fui descobrindo um livro leve no sentido gramatical e pesado em sua simbologia e significados.  
Resumo: Gregor Samsa é um jovem adulto que mora com seus pais e sua irmã, o mesmo tem um bom cargo financeiramente, trabalhando como caixeiro-viajante. Sua vida está entrelaçada ao trabalho, não havendo convívio social além do familiar e do âmbito do trabalho. Após uma noite  de sonhos inquietos, Gregor acorda transformado, habitando um novo corpo. Metamorfizado em um inseto monstruoso. 
Minhas considerações: A leitura tocou-me não pelo estranhamento aparente por um ser humano ter transformado em um inseto, mas o que me assolou foi o rico acervo de sentidos por detrás de tal metamorfose. Senti o Gregor como um jovem cuja a existência estava voltada exclusivamente ao coletivo, a vida em família.
Quando ele transforma-se em um inseto não se mostra angustiado,como se esperasse esta mudança. Na família é que o choque se assola, acostumados a um Gregor, quando deparam-se com um novo ser há um desiquilíbrio em sua condição familiar.
Me veio o pensamento de como a mudança pode ser significada como um empecilho a dinâmica do grupo, quando encarada com rigidez. O filho habita outra forma física, mas continua existindo como antes dentro de si. 
A família a princípio tenta uma relação humanizada com o mesmo, pela a espera daquele antigo Gregor e não por aceitar sua nova condição de ser. Assim, mesmo após a metamorfose ele continua a margem apenas do coletivo, tendo de viver as escondidas para suavizar o choque de seus familiares.
Por fim, percebi A Metamorfose como um inchaço da rotina inautêntica do personagem principal, que a levava repetindo ações sem ter um sentido ou propósito verdadeiramente seu. Outro ponto é como seu convívio social tentou esconde-lo e mascara-lo devido as suas novas condições, sem levar em considerações as atribuições que ele trouxe a família e ao trabalho.
O livro permite mais desdobramentos, mas me encerro por aqui.

domingo, 31 de maio de 2015

Considerações sobre: O resto é silêncio- Erico Verissímo


Quando vi o título "O resto é silêncio", fiquei entusiasmada com mais uma leitura do Erico Veríssimo, com personagens tão humanos e sensíveis. Tenho uma relação de pertencimento, encanto e mistério com os livros dele.
As palavras que utilizei para classificar os livros, são decorrentes nas duas obras do autor para descrever os momentos únicos e significativos dos personagens.
O resto é silêncio conta a história de personagens envolvidos emocionalmente com o suicídio de uma jovem. Após, presenciar tal cena, os mesmos acabam encontrando-se constantemente com o fato em seus dramas diários. 
O afeto que tal acontecimento traz na vida dos personagens é da morte, vivenciada como choque. Colocando diante da  própria finitude.
A história aparentemente simples, desdobra-se cheia de sutilezas e conflitos humanistas. E isso que amo nos livros dele. Erico consegue trazer o humano, e nisso vou descobrindo um pouco mais de mim, coletando recortes.
Me identifiquei com o Gil filho do escritor Tônio. O mesmo vive o dilema de querer aventurar-se no mundo, no relacionamento e ter que deixar sua casa a "torre". O pai como bom contador de histórias, criou dentro de sua residência um ambiente aconchegante, acolhendo sua família e criando a abertura para a família se expressar. 
Gosto muito dessa parte do Gil.
"A paisagem deu-lhe um desejo ansiado e ao mesmo tempo langoroso de viver. Mas viver em muitas partes do mundo ao mesmo tempo. Gozar daquele sol, daquele instante em vários lugares da Terra, conhecer e amar as pessoas mais diferentes- mas tudo isso sem nunca abandonar  a torre e seus habitantes. Abarcar o mundo num abraço...".

Segue outros grifos da obra:
 "Os homens sabiam muito pouco não só uns dos outros. Mas também de si mesmos".

"O globo terrestre parecia dizer. Vejam como a Terra é grande, o Universo muito maior. O mistério da vida é ainda muito, muito maior".

"Havia sobre todas as coisas uma paz tão grande que chegava a ser triste".

"Queria sofrer. Precisava sofrer. Queria um momento de paz sem o menor gozo para os sentidos, paz um relaxamento, sem repouso, paz para mexer nas próprias feridas, paz para sofrer ainda mais".

"Como a gente as vezes perde de vista as pessoas".

Para finalizar, não tenho outra coisa senão recomendar a leitura.

domingo, 1 de março de 2015

Minhas considerações: Olhai os lírios do campo- Erico Verissimo

                                                              photo by me
Nunca tinha lido nada do Erico Verissimo até o presente momento. Minha vontade de ler Olhai os lírios do campo veio do nome do livro, tão sugestivo a simplicidade.
Não tenho o hábito de ler sobre o autor e nem sobre os comentários de sua obra antes de ler o livro, para não me deixar levar por outras opiniões. 
Só após a leitura procuro sobre o autor, sobre os comentários da leitura. Guio-me inicialmente apenas pelo resumo do livro e não pelas opiniões sobre ele.
Assim, comecei a leitura de Olhai os lírios do campo crua e nua de exposições alheias.
A história é sobre Eugênio Fontes. Um homem pobre que a todo momento questiona-se e sente-se humilhado da sua condição financeira considerada inferior perante a sociedade.
Até a fase adulta o personagem guia-se na suas escolhas voltado apenas as consequências exteriores.
Durante suas vivências de perdas ele vai resignificando sua existência. Aquele Eugênio do início voltado exclusivamente a si e a compreensões impróprias da sociedade, da lugar a um homem autentico, respeitando suas vontades e considerando as relações entre os seres humanos.
Achei a trajetória de Eugênio cheia de nuances existenciais, com questionamentos que nós humanos fazemos em algum momento de nossa existência. 
Estou encantada com essa obra.
Segue alguns grifos marcantes para mim:

Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir aranha-céus se não há mais almas humanas para morar nelas?


E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.

Tinha tido apenas a ilusão de viver, mas na verdade andara morto por entre os homens.

Continuou a andar, olhando com esquisito prazer para as pessoas que passavam. Todas elas deviam ter os seus dramas, os seus problemas morais e materiais, as suas pequenas e grandes alegrias. Eram seres humanos. Viviam!
" A vida começa todos os dias". Essa frase lhe visitou a mente durante todo o trajeto do consultório a casa.

Começava a tomar a vida pelos ombros e tentava beijá-la na face, como lhe aconselhava Olívia. Era um beijo de sacrifício que ele dava ainda com alguma repugnância, num desfalecimento de medo, violentando a sua natureza mais íntima. Mas havia nesse beijo um estranho elemento de fascínio.E ele sabia - se sabia! - que um dia, não muito remoto, ele ainda beijaria com amor essa mesma vida incoerente, sórdida, brutal e apesar disso, ou talvez por isso mesmo, bela.

-Nós somos humanos, Felipe, e vivemos quase como máquinas.

Pensemos apenas nisso: não fomos consultado para vir para este mundo e não seremos consultados quando tivermos de partir.

O mistério estava em tudo, até nas coisas mais óbvias e aparentemente simples.

-Sabe da última? Estou encontrando na vida, em carne e osso, velhos conhecidos de livros...

Havia um secreto encanto na sua solidão.

Até o próximo post.


sábado, 10 de janeiro de 2015

Minhas considerações: As Intermitências da Morte- José Saramago


Ler As Intermitências da Morte é pairar em outra reflexão sobre o morrer no processo existencial.
Dissertar sobre a morte  penso ser uma das maiores dificuldade da humanidade. Pois, há um medo intrínseco na sociedade sobre o fim da vida.
A morte paira em todos os instantes sobre nós, vivemos na falsa certeza que o amanhã virá. E não pensar sobre a mesma na minha opinião é uma ilusão de prolongamento da vida.
Saramago traz neste romance uma compreensão diferente sobre a morte. Propõe sair da tradicional representação da sociedade ocidental, sendo a mesma inimiga do ser humano e causadora de sofrimento, e que a utopia da existência humana seria viver eternamente. 
Mas o que aconteceria se a morte interrompesse sua ação? Haveria apenas vantagens agradáveis as pessoas?
No primeiro dia do ano a Morte interrompe suas ações e surge um caos na ordem social.
A  protagonista do romance é a Morte, com suas angústias perante as reclamações humanas sobre o morrer.  Ela vivencia aspectos inerentes a existência humana, colocando os dois lados que geralmente não é percebido no processo do fim da vida. 
Nossa constituição natural é sermos para a morte, como cita Jeneci em uma das suas músicas "A gente é feito pra acabar". E é isso que nos faz ter a ânsia de viver intensamente. Saber que a vida tem um fim, não deve ser um aspecto negativo. mas sim parte da nossa existência.

  Para encerrar segue uma música de inspiração.




sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Grifos: A insustentável leveza do ser- Milan Kundera


É quase impossível me aventurar em uma leitura sem grifar e rabiscar partes do que estou lendo. Pois, gosto de consultar posteriormente minhas leituras, para saber se continuam a fazer o mesmo sentido. 
A leitura de A insustentável leveza do ser acolheu-me em um momento em que precisava adentrar em um outro olhar sobre aspectos da existência humana, pensar além da vivência em que estava inserida.
Kundera tem uma propriedade incrível em escrever sobre o amor. A relação entre o peso e a leveza atribuídos em nossas vivencias, não são necessariamente sofrimento e felicidade. 
As questões lançadas pelo autor vão desenvolvendo-se no relato dos quatro personagens. Sendo banhado por questões politicas fortemente influenciadoras na época.

Dentre muitos grifos escolhi estes: 

A ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.

Poder viver apenas uma vida é como não viver nunca.

Constatava que esse anos eram mais belos na lembrança do que no momento em que foram vividos.

Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar por meio de experimentos, por isso não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a seus sentimentos.

Para ele, a música é libertadora: ela o liberta da solidão e da clausura, da poeira das bibliotecas, e lhe abre no corpo as portas por onde a alma pode sair para confraternizar.

Se alguém procura o infinito basta fechar os olhos.

Não. Seu drama não era o drama do peso, mas da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo,mas a insustentável leveza do ser.

Muitas vezes nos refugiamos no futuro para escapar do sofrimento.

Os amores são como impérios: desaparecendo a ideia a qual foram construídos morrem com ela.

Todos nós temos a necessidade de ser olhados.

Nunca se poderá determinar com certeza em que medida nosso relacionamento com o outro é o resultado de nossos sentimentos, de nosso amor ou não-amor, de nossa benevolência ou de nosso ódio, em que medida ele é determinado de antemão pelas relações de força entre os indivíduos.

O tempo humano não gira em círculos, mas avança em linha reta. É por isso que o homem não pode ser feliz, pois a felicidade é o desejo da repetição.

Eu não tenho missão. Ninguém tem missão. E é um alivio enorme perceber que somos livres, que não temos missão.




sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Existencialismo é um Humanismo- Jean-Paul Sartre

Descobri o existencialismo (como já citei em outro post) através de uma matéria do curso de Psicologia, a Fenomenologia Existencial. Foi identificação as primeiras palavras do professor, cada frase soava em meus ouvidos cheias de sentido. 
Desde então procuro ler sobre os percussores dessa corrente e o livro O Existencialismo é um Humanismo veio complementar os pensamentos que venho construindo sobre a existência humana.
Este livro veio de uma conferência de Sartre  em 1945 com o intuito de esclarecer as críticas que as obras de  mesmo vinham causando na época.
Basicamente, segundo minhas percepções do livro há uma integração dos ideias existenciais a partir da compreensão de Sartre. Elementos como autenticidade; o homem como o ser que escolhe;  a angústia, desespero e desamparo inerentes ao homem; o homem como um ser integral entre outros aspectos são abordados no livro.
O Existencialismo é um Humanismo é uma interessante obra para aqueles que tem interesse em compreender esta corrente filosófica.

"... tenho em mim uma multidão inutilizada e inteiramente viável de habilidades, inclinações e possibilidades que me dão um valor maior do que aquele que a simples série de ações que realizei permite inferir". ( SARTRE, pg 31)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Minhas considerações sobre Dom Quixote-Cervantes


Passando pela biblioteca da minha cidade avistei DOM QUIXOTE, em um livro esteticamente lindo e com uma linguagem mais antiga. Decidi aventurar-me mais uma vez nesta leitura que tanto gosto. A primeira vez que o li  era em uma versão adaptada, portanto mais fácil.
Este clássico me fascina pela forma como a aventura de Dom Quixote se conduz e pela época  em que ocorreu.
Considero importante para quem quer ler um clássico já que normalmente os mesmos são mais antigos, conhecer um pouco do universo de quando o livro foi escrito, o autor, isto facilita a compreensão da estória abrindo um olhar diferente.
Quando leio Dom Quixote surgem reflexões sobre a loucura. Como um homem na época em que ele viveu,  com a sociedade ocidental cheia de transformações e ainda muito arraigada em seus valores, conseguiu escapar desta realidade e se aventurar em seus sonhos.
Dom Quixote  aventurou-se naquilo que o fazia se sentir vivo, as Estórias de Cavalarias, mesmo as pessoas ao redor tentando lhe mostrar outra realidade.
Ele conseguiu fazer dos seus sonhos  a própria história da sua vida, ou seja, tornou seus desejos, em sua realidade conseguindo viver as aventuras de que tanto sonhava.
No meu ponto de vista, Dom Quixote nunca esteve louco, como as pessoas acreditavam. A realidade que ele acreditou foi a forma de escapar de uma vida já delimitada pela sua condição social, um senhor fidalgo sem tantas possibilidades de mudanças.
Esta versão precisa de uma certa disciplina e de costume com a escrita. No começo estranhei, mas depois consegui fluir na leitura sem me preocupar com os termos e sim com o contexto.
Para ser sincera minha falta de tempo e o fato do livro ser emprestado, acabou me fazendo perder a leitura em vários momentos. Porém, este fato não tirou a essência da estória.
Espero um dia voltar a lê-lo com mais assiduidade.
Penso ser de muita valia a leitura de Dom Quixote, não por ser um clássico e sim por trazer uma lição importante, o rompimento com um sistema social pela luta de seus sonhos e ideais. Além da leitura ser divertida.
Espero ter conseguido passar minhas considerações sem tanta confusão.
Até.
"O medo que tens- disse Dom Quixote- é que faz, Sancho, que nem vejas, nem ouças às direitas, porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são". Dom Quixote- Cervantes

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Minhas considerações sobre Morte Súbita- J.K. Rowling

  photo by Me
Minha gama de variações literárias estende-se por todos os gêneros. Não sou do tipo que possui alguma preferencia literária, se o autor me prender é sinal de uma boa leitura para mim.
A resenha de hoje acredito que seja de um livro bem famoso Morte Súbita, pois é da escritora da saga do Harry Potter. Confesso que nunca li nenhum livro dela (Harry Potter) até este. Então me despi de pré-conceitos sobre sua forma de escrever, sem comparações com seus trabalhos de sucesso anteriores.
Penso que quando um autor ganha fama por um determinado trabalho, a cobrança sobre as próximas publicações acabam impedindo o leitor de saborear uma nova leitura, de adentrar em um universo novo, já que cada livro é um mundo diferente do outro.
Simplificando, a estória acontece em um vilarejo chamado Pagford que faz divisa com a cidade de Yarvil na Inglaterra. A trama é entrelaçada pela morte de um dos conselheiros da do vilarejo Barry Fairbrother e todos os personagens estão de alguma forma ligados com o falecido.
A leitura foi de uma leveza impressionante, li as 600 e poucas páginas em poucos dias, o que pra mim é difícil já que divido meu tempo com leituras da faculdade.
Me apeguei aos personagens chegando a sonhar com eles e não via a hora de saber dos próximos acontecimentos.
Bem, eu estava precisando ler algo mais calmo, pois sai de leituras bem introspectivas e reflexivas e gosto de intercalar.
Minhas considerações, penso ser toda leitura capaz de despertar algo, uma mudança interior, um pensamento inexistente anteriormente. No meu caso saboreei com o livro a capacidade da vida de não se encerrar em um acontecimento, não chegará um pouco que terá um final feliz. no próprio processo de existir há dias com mais dificuldades e outros mais leves, saber conviver com esses nuances é o que transforma uma vida em bem vivida.
Outro ponto é a coletividade e o entrelaçamento que temos com o outro, posso me sentir só (por exemplo) mas estou ligada com o outro de algum jeito, desde uma simples comunicação afeto e sou afetada pela existência alheia. Penso ser relevante pensar no outro como parte sua, do seu processo existencial também.
Gostei da capa do livro, pois não tem resenha ou sinopse e o leitor é convidado a descobrir por si só a trama da leitura. Isto gera um olhar para a leitura sem a contaminação da visão alheia.
Por fim, super recomendo o livro.

domingo, 8 de junho de 2014

Livro- Quando Nietzsche chorou ( Irvin D. Yalom)

Descobri o livro Quando Nietzsche chorou através de um professor e já de início fiquei intrigada pelo nome do livro. Resolvi expor minha opinião sobre o mesmo, não para trazer uma sinopse de mais um livro que li, e sim convidá-los a conhecer uma nova forma de perceber a existência humana.
Sinopse do Skoob:
Este livro tem como pano de fundo o fermento intelectual da Viena do século XIX às vésperas do nascimento da psicanálise. Friedrich Nietzsche, o maior filósofo da Europa... Josef Breuer, um dos pais da psicanálise... um pacto secreto... um jovem médico interno de hospital chamado Sigmund Freud - esses elementos se combinam para criar a saga de um relacionamento imaginário entre um extraordinário paciente e um terapeuta talentoso. Na abertura deste romance, a inatingível Lou Salomé roga a Breuer que ajude a tratar o desespero suicida de Nietzsche mediante sua experimental terapia através da conversa. Ao aceitar relutante a tarefa, o eminente médico realiza uma grande descoberta - somente encarando seus próprios demônios internos poderá começar a ajudar seu paciente. Assim, dois homens brilhantes e enigmáticos mergulham nas profundezas de suas próprias obsessões românticas e descobrem o poder redentor da amizade.
O romance é sobre um encontro fictício entre dois pensadores que existiram realmente. Josef Bruer  foi um médico, fisiologista e um dos pais  da psicanálise e o filósofo Friedrich Nietzsche. 
A leitura foi uma daquelas que não consegui me desprender durante alguns dias mesmo após o seu termino, cheguei até vasculhar minha estante a procura de uma nova leitura. Mas, o poder de penetração dessa me tirou da órbita, não digo em relação apenas a pensamentos e sim a sentimentos.
Sou apaixonada por assuntos existenciais e o livro me propôs mais uma reflexão sobre como perceber a vida. Mergulhei no significado da vida dos dois personagens (a busca de ser desejado, observado e lembrado, a morte) ou seja, assuntos que nos cercam e dificilmente damos espaços para eles serem sentidos e fazer parte da nossa existência.
Grifei muitas partes do livro, por isso, só vou deixar aquelas que mais me marcaram. Ah, li algumas críticas negativas sobre o livro, que o mesmo era clichê e de autoajuda. Não o senti dessa maneira, simplesmente me tocou e é isso que para mim é o importante. 

"Quanto da vida eu perdi, simplesmente por deixar de olhar? Ou por olhar e não ver?"

"A solidão é um solo fértil para a doença."

"Viver significa correr perigo."

"Talvez eu tenha vivido demais de maneira segura."

"O tempo não pode ser rompido, esse é nosso maior fardo. Nosso maior desafio é viver apesar desse fardo."

"Só experimentamos a nós mesmos no momento presente."

"É porque seu tórax está explodindo de vida não vivida."

A relação conjugal só é ideal quando não é necessária para a sobrevivência de cada parceiro. Quis dizer apenas que para  se relacionar plenamente com o outro, você precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar mossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como um escudo contra o isolamento.


sábado, 16 de novembro de 2013

Razão e Sensibilidade- Jane Austen

Só tenho mais uma vez que elogiar essa obra de arte. Razão e Sensibilidade é o segundo livro que leio de Jane Austem e me apaixonei como o primeiro. A forma como a autora descreve os detalhes de sua época me encantam.
No século em que Jane Austem escreveu seus livros a sociedade valorizavam muito  a arte, a leitura e a natureza e isso me faz querer viajar no tempo para viver um dia pelo menos naquela época.
Me identifiquei com a relação de irmãs entre Elinor e Marianne, pois eu e minha irmã assim como elas somos muito apagadas e amigas. Outro fator é a  razão e sensibilidade  que rodeiam elas. Elinor é mais razão e Marianne muito sensível. Meu caso e de minha irmã é uma mistura, as vezes sou mais razão e ela sensibilidade outras vezes é ao contrário, o interessante é que isto traz um equilibro em nossa relação.
Sinopse da editora Martin Claret
Razão e Sensibilidade conta a história de duas irmãs que, em razão do falecimento do pai, têm de se adaptar a um estilo de vida mais modesto, em meio a uma sociedade inteiramente dirigida pelas aparências.
Elinor é a mais prudente, contida e racional. Marianne, passional e sensível, recusa-se a agir como determina a sociedade ou a esconder seus sentimentos.
Ambas desafiam preconceitos e lutam pelo amor e pela felicidade numa sociedade em que uma "mulher de valor" deveria se conformar e permitir que sua vida fosse orientada pelas convenções.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Coisas Frágeis- Neil Gaiman

O livro "Coisas Frágeis" é uma coletânea de contos escritas por Neil Gaiman. Ao total são nove contos, que o escritor na introdução relata a história de cada um, ou seja, qual foi a inspiração para escrever aquela determinada historia, se foi alguém que pediu para ele escrever, coisas desse gênero.
No primeiro conto " Um estudo de Esmeralda" fiquei meio desanimada, já que não me interessei muito pela história.Porém, nos contos seguintes fui me encantando pelo livro, quis devora-lo em um segundo.
A forma como esse autor escreve é mágica, porque tem o poder de me absorver em outro mundo.
Coisas Frágeis atingiu todas as minhas expectativas, gostei de todos os contos até mesmo do primeiro. :)
Vou deixar duas partes do livro que gostei muito.
 " Acho... que prefiro me lembrar de uma vida, desperdiçada com coisas frágeis, a uma vida gasta evitando a dívida moral". As palavras surgiram em um sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam. Neil Gaiman
"Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes.
Havia truques que fazíamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármore capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um 
oceano. Corações podem ser partidos, mas o coração é o mais forte dos 
músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, e não 
falhar quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e 
delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar". Neil Gaiman

Beijinhos

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Morro dos Ventos Uivantes- Emily Brontë

Hello!
Fiquei curiosa para  ler O morro dos ventos Uivantes,  não porque o casal principal do Crepúsculo gostavam do livro, na verdade não gostei do único filme que assisti da saga e nem me interessei pelos livros. Mas sim, por ser uma história de amor avassaladora. 
O amor  surge e  acontece na fazenda chamada O Morro dos Ventos Uivantes, quando os protagonistas ainda são crianças e seguem os mesmos após a cruel separação dos dois.
Essa história de amor não é entre um casal perfeitinho, onde a personagem principal Catherine é um doce e o mocinho Heathcliff é todo certinho. Os dois possuem personalidades bem fortes e mostram várias vezes seus lados vingativos como consequência  pelo amor não vivido.
Gostei bastante do livro por não ser uma história de amor entre um casal perfeito. Confesso que tive uma raivinha do Heathcliff e da Catherine, por mostrarem as vezes seus lados não tão bons, desesperado e birrento.
O livro foi escrito no século XIX pela escritora inglesa Emily Brontë, sendo um clássico da literatura mundial.
Bom, recomendo o livro. 




Beijinhos.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Minha pequena coleção de livros da Literatura Brasileira

Hello. Quero compartilhar com vocês meus livros de escritores brasileiros.
Minha tia assim como eu é uma bookaholic. Todos os livros dela acabam sendo meu depois que ela lê, não preciso nem dizer como fico feliz com isso.
A paixão da minha tia são livros de escritores brasileiros, com isso minha coleção vem aumentando. 
Para quem não é acostumado a ler livros de escritores brasileiros, eu super recomendo. São muito bons.











Amo os livros da Clarice Lispector, infelizmente não tenho nenhum livro dessa escritora ainda.


Beijinhos

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Mistério da Estrela- Neil Gaiman

O livro que vou indicar neste post é O Mistério da Estrela (Stardust) do escritor Neil Gaiman. Este é o segundo livro que leio de Neil Gaiman, o primeiro foi Coraline que recomendo também.
A história do O Mistério da Estrela começa no vilarejo Muralha na Inglaterra. A cidade possui esse nome, por ser toda cercada por uma muralha.
Em Muralha vive o jovem Tristan Thor que ama a jovem mais bela do lugar. Como prova de seu amor e em troca da mão de sua amada, o jovem promete a mesma trazer uma estrela cadente, que ambos veem cair do céu.
Para conseguir a estrela cadente, Tristan burla as leis do vilarejo e passa pela muralha que sempre é vigiada por guardas. O mesmo se  aventura na Terra Encantada. Nesta nova terra, ele vive várias aventuras cheias de magias.

Bom, fiz um super resuminho do livro. Mas, gostei bastante da leitura.
Existe também o filme do livro. Ai vai o trailer, só encontrei o trailer inteiro em inglês.

Agora vão as minhas fotinhas inspiradas no livro.



 Achei bem fofo que cada capítulo vem com uma ilustração da Janaina Tokitaka, puro amor.





 Pessoal é isso, até.

 

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