sexta-feira, 15 de julho de 2016

Deixa a delicadeza transbordar

foto by me
Parece que a delicadeza não chama mais a atenção, vem associada à fragilidade, a incapacidade de suportar as adversidades. A moda agora é a de demonstrar ser forte, impenetrável pelas forças alheias.
Talvez, por isso, que as flores perderam sua vez, e o concreto é o que rege, ele não se mexe, não tem fluidez. Fica intacto, barra o vento e nos protege do mundo sombrio, das relações.
Essas classificações são superficiais, as flores, seres passageiros se vão em apenas dias, porém, suas bases são raízes fincadas ao chão. A florada é efêmera, e seu tempo de vida se seguir o fluxo natural é de idas e vindas, de flores e seca.
As flores são frágeis ao toque, se deixam levar pelo afeto, pelo sentir. Perdem suas pétalas e renascem em outra estação. Já o concreto, tão certo de sua invulnerabilidade é destruído por marretadas e se desfaz em pedaços, não tendo a capacidade de por si só juntar seus pedaços.
Trazendo uma analogia a existência humana, as vezes sinto que estamos buscando supra homens, seres corajosos e inabaláveis, que escalam montanhas orgulhosos de suas conquistas individuais. Esquecendo que mesmo ao escalar uma montanha há o toque com a rocha, não estamos nunca isolados do mundo..
As mulheres antigamente símbolos da delicadeza e fragilidade, assumiram uma postura de fortaleza para alcançarem seu espaço ilusório de igualdade. Revestiram-se de camadas e esconderam bem lá no fundo seus sentimentos, em uma gaveta que me aterrorizo em pensar que talvez não encontremos mais a chave que destrave outros sentimentos e afetos além da super proteção.
Não sou crítica a esta postura e nem antifeminista, pois esses acontecimentos foram necessários, precisávamos de voz além da lista de compra, e afazeres do lar.
Meu olhar vai aos polos, quando apenas uma forma de ser e estar é considerada moralmente aceita. Não elejo nem essa época melhor nem as anteriores, ambas parecem generalizar. Aprecio o abraço ao todo, ao ser forte em suas essência, e frágil por deixar-se embalar pelo mundo.

Delicado para mim, é aprender a sentir o toque do mundo, não como apenas uma ofensa, ou bulling, deixar-se envolver por ele, banhar-se pelo homem e outros seres.
Andressa Giacomini

3 comentários:

Graça Pires disse...

Um texto que gostei de ler e no geral concordo. Gostei do final que lhe dá "Delicado para mim, é aprender a sentir o toque do mundo, não como apenas uma ofensa, ou bulling, deixar-se envolver por ele, banhar-se pelo homem e outros seres.".
Um beijo.

Andressa disse...

Muito obrigada por sempre deixar sua opinião aqui.

Laura Ferreira disse...

gostei também :)
obrigada pela visita às minhas pequenas coisas

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